A casa saudável 1: "Observe e Interaja"

A cidade de Shibam, em Yemen do Sul. Prédios de 6 andares do século XVI totalmente construídos em barro. Na lista da Unesco dos patrimônios da humanidade mais de 50% são edifícios de barro. As construções com barro consomem 95% menos energia do que as com cimento e mais: termicamente são mais confortáveis e saudáveis. Estão fresquinhas quando está calor lá fora e quentinhas quando está frio, pois a absorção térmica é regulada pelo barro.

O exemplo acima mostra como as sociedades ancestrais tinham tecnologia de ponta, muitas vezes mais avançadas do que as atuais. Resgatar as tecnologias ancestrais investindo-as com uma roupagem moderna é um dos princípios da permacultura. Trata-se de criar sociedades permanentes, não fadadas à extinção. Para isso, os sistemas humanos precisam ser semelhantes à natureza, o que significa:

  • gerarem a própria energia de que necessitam para sobreviver (serem auto-sustentáveis em alimentos, energia elétrica, captação de água)

  • cuidarem de seus próprios resíduos (tratamento e uso das águas, compostagem, reuso de adubo humano, mínima geração de lixo)




Elementos de design: ------ Captação local de águas e energia (aproveitamento da água do telhado, da estrada e do escoamento sobre o solo). Como? Cobertura do solo com matéria orgânica, criação de lagos, canais de infiltração, captação de água de chuva. 
------- Aproveitamento da luminosidade natural (telhas transparentes, garrafas, vidros e párabrisas reutilizados).
-------- Filtros biológicos para aproveitamento das águas cinzas e negras, compostagem do lixo orgânico, reutilização do lixo seco, estufas e lagos integrados com a casa com função de regulação térmica e produtiva. 
-------- Quer detalhes?  Solicite informações por meio dos comentários.



Uma boa forma de começar a criar um sistema sustentável é exercitar o princípio da permacultura que trata da observação e interação com a natureza. No caso da construção do sistema “casa”, observar significa olhar para o local onde será construída com um olhar questionador:

- Como é o local onde você pretende começar seu sistema, no caso, sua casa?

- Relevos côncavos, por exemplo, são locais mais úmidos, onde se formam brejos e lagos na época de chuvas, e tendem a acumular mais água. Solos que ficam molhados por um bom tempo após o período das chuvas podem indicar afloramentos de água. Essas regiões, segundo os conhecimentos da geobiologia, podem ser insalubres para a moradia humana. É que a água tem efeitos sobre a nossa tireóide, sendo benéfico permanecer sobre ela por um tempo, mas não por períodos prolongados.

O desenho de Bill Mollison em "Introdução à Permacultura" mostra um swale ou canal de infiltração, concavidades produzidas pelo homem no sentido contrário ao escoamento da água, obrigando-a a parar um pouco a sua velocidade de descida até os rios e maximizando a infiltração no terreno. Isto significa mais água no subsolo e portanto mais vegetação e fertililidade.



- Por outro lado, água é vida e você estará fazendo um grande serviço ao seu sistema e à capacidade de acumulação de água do seu terreno se plantar árvores e formar um bosque nesses locais côncavos. Um bosque ao lado da casa pode ser útil como barravento, regulador térmico e muro natural para favorecer sua privacidade.

É por essas e outras que a Arquitetura já tem tentado incluir  nos planejamentos das grandes cidades as áreas verdes e espaços de design integrado.


É por isso também que devemos nos preocupar com o tamanho dos lotes que compramos. Grandes áreas construídas, sem disponibilidade, de áreas verdes e de infiltração, caracterizam um modelo predatório de desenvolvimento, em que se pensa apenas no próprio conforto e não nos ciclos naturais, que beneficiam a todos.


Quem diria...Em áreas côncavas, um pequeno laguinho em frente à casa pode ajudar a transferir calor nos fins de tarde frios para os quartos, além de regular a umidade nos tempos secos e criar microclima para as árvores. Mais uma figura do "Introdução à Permacultura". 



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